A 123 Milhas, uma das principais empresas do setor de turismo no Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial. Este movimento ocorre em meio a uma série de desafios enfrentados pela companhia, que declarou uma dívida de R$ 2,3 bilhões. A situação da 123 Milhas é reflexo de um cenário mais amplo, onde diversas empresas têm buscado o amparo da justiça para reestruturar suas finanças.
O Pedido e a Justificativa
O pedido foi encaminhado à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, capital mineira, no dia 29 de agosto de 2023. Segundo documentos, a empresa busca, com essa medida, garantir o cumprimento de seus compromissos com clientes, ex-colaboradores e fornecedores. A 123 Milhas acredita que, ao centralizar todas as dívidas em um único processo judicial, conseguirá negociar de maneira mais eficaz com seus credores, buscando reequilibrar sua situação financeira.
Além da 123 Milhas, outras empresas associadas, como a Art Viagens, Hotmilhas e Novum, também estão incluídas no pedido de recuperação. A justificativa para tal medida é a interdependência entre essas operações. As empresas operam em sintonia e uma depende da outra para manter suas atividades.
Desafios e Medidas Adotadas
O ano de 2023 tem sido marcado por diversas empresas buscando recuperação judicial. Grandes nomes, como Americanas, Oi e Light, já haviam tomado essa decisão anteriormente. Agora, a 123 Milhas junta-se a essa lista.
Vale ressaltar que, um dia antes do pedido de recuperação, a 123 Milhas confirmou a demissão de parte de seus funcionários. Relatos nas redes sociais indicam que pelo menos 100 pessoas foram desligadas, afetando áreas como tecnologia, projetos, comunicação, recursos humanos e design. A empresa justificou essa ação como parte de um plano de reestruturação, visando mitigar os impactos da queda nas vendas.
Suspensão de Serviços e Repercussões
Outro marco importante foi o anúncio, em 18 de agosto, da suspensão da venda de pacotes e emissão de passagens aéreas da linha promo. A empresa comprometeu-se a reembolsar os clientes com vouchers corrigidos monetariamente, oferecendo uma correção de 150% do CDI acima da inflação.
Em resposta a essa suspensão, o Ministério do Turismo solicitou uma investigação sobre a empresa. Além disso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras convocou os sócios-administradores da 123 Milhas para prestar esclarecimentos sobre a suspensão dos pacotes de viagens.
A situação da 123 Milhas é um reflexo dos desafios enfrentados pelo setor de turismo e pela economia brasileira como um todo. A empresa, que já foi uma referência no mercado, agora busca reestruturar suas operações e honrar seus compromissos. O cenário é incerto, mas a esperança é de que medidas eficazes sejam tomadas para garantir a continuidade dos serviços e a satisfação dos clientes.